Aquém

Sempre me perguntam a respeito de influências. Quem são aqueles que, de alguma forma, ajudaram a moldar quem sou (pessoalmente) e quem somos (como banda). Estive pensando em alguns nomes, aqueles que sempre digo quando me fazem a pergunta, e então reparei que estou muito aquém de meus influenciadores.

Repare, não é uma questão de humildade extrema. É, antes, uma verificação (um bocado triste, admito) de que algumas vezes, citar suas influências pode ser uma vergonha, tanto para elas (mesmo que mortas) quanto para você (quando as pessoas se dão conta de que você não tem absolutamente nada a ver com seu influenciador).

Mas vejo que isso não se dá apenas comigo. Quando ouço ou leio a lista de influenciadores de outros artistas, escritores, pastores e afins, vejo que pouco ou nenhuma semelhança há entre eles e quem eles dizem ter imprimido algo em suas vidas. Talvez tenham adquirido estilo próprio (o que é um #majorWIN), ou talvez sejam o que às vezes acho que sou: um bando de mascarados que vomita uma lista enorme de pessoas de fato interessantes, na esperança de, em um eventual futuro, figurarem nos mesmos filões.

Creio que, na verdade, quando falamos de influenciadores queremos realmente dizer quem admiramos. Admirar alguém não quer dizer necessariamente que essa pessoa tem influência sobre você. Podemos admirar aspectos da vida de uma pessoa, sem admirar necessariamente o todo. E assim, há tanta admiração que no final das contas, que (pelo menos no meu caso) a coisa se torna meio caótica.

Há pouco tempo estava dando uma revisada em algumas de minhas composições e reparei como elas são diferentes entre si, a ponto de eu não saber se seria algo interessante lançá-las em um mesmo CD, EP, ou seja lá qual formato. Engraçado que quando componho, tento ser o mais honesto possível com Deus, comigo e com minhas habilidades. Não vou fazer algo que esteja além do que sei, pois não vai soar natural. Ao mesmo tempo não quero fazer algo aquém do que posso. E nisso, as coisas vão tomando um rumo que não é muito lógico.

E ainda, quando olho para Aquele que é o alvo do que faço, percebo que qualquer esforço meu, qualquer tentativa, sempre será aquém daquilo que Ele realmente merece… e nesse ponto a frustração é menos pior, pois Ele mesmo conforta e faz saber que perfeição mesmo, só no céu (embora eu sinceramente creia que o Stênio Marcius está bem próximo de atingi-la).

Em certos aspectos, estar aquém é algo a que todos estamos fadados. Seja lá quem formos.

Eduardo Mano

4 Comments Add yours

  1. Meu caro Eduardo,
    Não penso que nossas influências determinem nosso estilo. Pelo menos não no sentido de nos tornarmos semelhantes a elas (esteticamente). Eu não toco nada (e infelizmente tenho um sax que, me parece, será herança ao meu filho! rs). Mas eu escrevo, embora apenas toscamente em um blog. Ora, negar que tantos autores que li me influenciram a ponto de eu ser quem sou e escrever o que e como escrevo é que seria injusto para com eles!
    Como eu disse, sou tosco perto deles. Sim, seria um sonho realizado um dia figurar entre eles, mas não é isso o que me move. Louvar ao senhor pela graça comum e imitar Seus eleitos em sua vida devocional é o que me move!
    Porém, entendo também o que você diz. Pois meu estilo tosco realmente não faz jus a eles! rs
    Grande abraço, no Senhor,
    Roberto

  2. Estar aquém, também me parece, é a condição niveladora e definidora.
    Estamos, inclusive, aquém da vida: por isso morremos.
    Um abraço,
    André

    1. Eduardo Mano says:

      Jonatas, que bom… 🙂

Leave a comment