Conheci o Lucas há aproximadamente 3 anos. Nesse meio tempo tive a oportunidade de ver nascer o projeto Ortodoxia, onde tive uma pequena participação indicando a tecnologia SMD ao Lucas. Tive acesso às músicas do Doxologia e pude avaliar o projeto para ele. Também tivemos a oportunidade de tocar juntos em um evento aqui no Rio, onde minha banda serviu com banda dele.
Já tem um tempo que ele vinha comentando sobre o Cidade do Amor, e assim como aconteceu com o Doxologia, tive a oportunidade de ouvir previamente algumas das músicas do CD e comentá-las para ele.
Fiz uma pequena entrevista com ele. Nãp sou jornalista, então as perguntas não são as melhores do mundo. E como foi tudo por e-mail, perdoem a falta de nexo entre uma pergunta e outra.
Agora, sem mais delongas…
Lucas, Cidade do Amor é seu quarto trabalho em 7 anos (é isso mesmo?). Praticamente um disco a cada dois anos, sendo que no meio desse tempo tivemos um EP de hinos, com apenas uma música nova. Como você sente a progressão do seu ministério em termos musicais?
Sim Mano, quase 7 anos, se não formos contar o EP, um CD a cada dois anos. Na verdade Cidade do Amor ficou pronto agora, mas é um projeto nosso desde 2006. Tínhamos tudo pronto para gravarmos em Julho de 2007, mas como não tivemos à nossa disposição a estrutura que queríamos naquele tempo, decidimos adiar e tirar da gaveta o “Doxologia”, que era um projeto que apesar de ser um tanto impopular eu queria muito fazer, e por ser ao vivo era mais fácil. Alguns ficaram um pouco frustrados com o projeto, esperando de nós algo mais arrojado, mas foi um disco que está tendo uma repercussão muito grande até hoje. É para pessoas que tem raízes cristãs mais antigas, que valorizam o que veio para nós de outras gerações e tenta honrar isso de alguma forma, a história, os princípios, a vida em si. Agora, com Cidade do Amor nós entramos numa outra atmosfera. É de alguma forma um legado nosso para a próxima geração porque de alguma forma penso que será um CD também pouco compreendido. Tentamos ser contemporâneos, espontâneos e honestos com criatividade, e isso pode não dar muito certo se eu for esperar algum retorno massivo – e cá entre nós, ainda bem que não estou esperando nada nesse aspecto – já que a massa do que se denomina igreja com i minúsculo está no momento interessada em cantar coisas baseadas em doutrinas de homens, numa grande barganha nada evangélica. Nós estamos fora dos jargões, de cantar dá-me isso ou aquilo, troco dinheiro por bênçãos ou fidelidade por bondade. Estamos fora desse movimento, e Cidade do Amor de alguma forma tenta manifestar isso.
Cidade do Amor foi gravado por Jordan Macedo e masterizado nos estúdios Abbey Road, casa de clássicos dos Beatles, Pink Floyd, Matt Redman, entre muitos outros. Como foi essa experiência?
Foi incrível! Esse projeto foi um crescente à medida que começamos a produzir as canções. O Jordan, do Polo Studio de BH e meu amigo desde criança, já estava familiarizado com o projeto de tanto que eu falava e bem animado em trabalhar com a gente, então de cara deu tudo certo, porque todo mundo estava super motivado, tanto a banda e o Jordan quanto o Lúcio, encarregado da produção e de dar a palavra final. Foi um processo bem de construção mesmo. Íamos tendo idéias à medida que ensaiávamos, gravando os rifs e solos para não esquecer, as sacadas que surgiam do nada, e toda a Cidade foi se levantando. Finalizar nosso disco no Abbey Road também foi o chamado terminar com chave-de-ouro… É chavão, mas é verdade. A gente tinha muita expectativa de um dia poder terminar um trabalho assim, agregando mais qualidade, e ficamos muito, mas muito felizes, surpreendidos com o resultado final, e gratos a Deus por nos permitir isso. No final das contas eu pude trabalhar com uma equipe incrível, com pessoas que amam trabalhar com música, que não fazem por ganância mas por prazer, e o resultado todo mundo poderá ouvir em abril, quando o disco chegar.
Falemos um pouco sobre a Farol Music. Ela é um ponto de lançamento dos seus produtos artísticos, mas temos visto o empenho em lançar boa música através da parceria com o Palavrantiga. Existe algum projeto de ampliar a ação da Farol Music e torná-la um selo de fato? Há outras parcerias em vista com novos artistas?
Então, a Farol Music surgiu do meu grito de independência, de não querer ficar na mão de gente que não sabe trabalhar um simples disco. E também pelo motivo de que as pessoas não encontravam e talvez ainda não encontrem meu trabalho em todas as lojas. Daí primeiro surgiu a loja virtual, fazendo com que os CDs chegassem a todo Brasil, na casa de quem quisesse, e agora, por fim, estamos dando um novo passo abrindo nosso escritório, de forma a nós mesmos distribuirmos nossos CDs, procurando fazer um trabalho melhor. Já a parceria com o Palavrantiga surgiu espontaneamente, porque eu me identifiquei de cara com o trabalho deles e sou muito amigo da banda. Daí foi natural. Agora, caso a Farol cresça ao ponto de termos estrutura para prestar um bom serviço a outras pessoas, teremos enorme prazer em fazer novas parcerias.
Em tempos onde a igreja brasileira – ou boa parte dela – insiste em divulgar a teologia da prosperidade, vemos que grande parte da produção musical do país tem ido por essas mesmas veredas. Suas músicas tem em comum o fato de irem numa direção oposta: servem como instrumento de glorificação do Pai. Como você enxerga a atual situação da música evangélica nacional, essa música que tem maior participação nas rádios e maior vendagem?
Falei um pouco disso na primeira pergunta, sem saber que você perguntaria exclusivamente sobre isso. Mas já que você quer mesmo saber o que penso, não vou esconder. A situação da música evangélica hoje no país é drástica, caótica. É musica feita para ganhar dinheiro a media que mantém o povo num padrão de mentalidade corrompida, porém financeiramente lucrativa. Penso que a história começou assim: João fez uma música de sucesso, baseada nos ensinamentos dos amigos de Jó, que acreditam que a relação do homem com Deus é puramente baseada em troca, escambo, business. E aí Manoel cresceu o olho, copiou a música e apenas se deu ao trabalho de mudar as palavras de lugar, fazendo também um estrondoso sucesso com o povo de mentalidade tardia. Mas também tinha o Joaquim, que era mais astuto que os dois e criou sua própria música e letra, falando do mesmo assunto só que de um jeito mais claro, mais contundente, e que também ficou rico. Atrás desses vem uma geração inteira, de milhões de pessoas, que lotam estádios para cantar uma anti-graça e uma anti-verdade. É um frenesi demoníaco, é um soco no estômago da Igreja com I maiúsculo que precisa escutar esse tipo de filosofia medieval de indulgências com uma vontade enorme de sair separando o joio do trigo estabanadamente, mas que precisa resistir a essa tentação e saber que essa tarefa só compete a seu Senhor, que a fará esse trabalho a Seu tempo.
Diante disso, ter maior participação nas rádios é natural, afinal eles possuem dinheiro suficiente para pagar Jabá sem reclamar. Quanto a ter uma maior vendagem, isso também é natural, já que eles fazem como os profetas de Baal, profetizando apenas o que o povo quer ouvir, em busca de popularidade, fama e é claro, dinheiro, muito dinheiro.
Quais os projetos futuros de Lucas Souza Banda?
Gostaríamos de juntar os amigos e gravar um DVD. Vamos ver…
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A gente precisa resistir. Sabemos que existe uma Cidade dentro da cidade, uma Igreja dentro do que hoje se chama igreja, e uma Verdade muito além do que hoje chamam de verdade. Sabedores disso, a responsabilidade é nossa em sermos fiéis à revelação que temos. Então vamos viver pela Graça, espalhando o Amor por aí.
É isso. Forte abraço!
Não sei nem se consigo classificar o Lucas Souza na tal categoria louvor/adoração que surgiu por aí.
Parabéns pela entrevista, e me deixou mais curioso pra escutar Cidade do amor.
(Mano, faz um favor? Avisa o Lucas que coloquei o som dele no meu último Podcast hehehe..)
Concordo com você, amigo.
Pode deixar que seu recado será dado!
abraço