Desabafo

Há muitos, muitos anos, este blog chegou a ter centenas de acessos diários. Isso na época em que blogs eram alguma coisa dentro do reino das redes sociais, e quando aquilo que eu faço ainda gerava algum interesse.

No fim deste mês faço 15 anos de ministério. Certamente esta data é importante apenas para minha família e para mim, e mais ninguém. Muita gente acha que não fiz mais nada depois do Velhas Verdades, de 2010. Sei que eu não deveria me importar com isso, mas é claro que me importo.

Eu não faço música para agradar outras pessoas. Na verdade, tenho percebido que meus últimos trabalhos agradam a mim, é a sonoridade que eu queria, e fiquei feliz em a alcançar. Mas não soa como aquilo que todos querem ouvir — nem de longe, na verdade. E aí está a contradição: eu me importo que ninguém ouça algo que, na verdade, eu faço de acordo com meu próprio gosto.

Numa época em que além de compor, gravar e lançar, você ainda tem que ser especialista em redes sociais, sempre mostrar algo nas redes e ainda por cima ser bonito, realmente, não dá para mim. Minha barba e meus cabelos brancos fazem com que pessoas da mesma idade que a minha me chamem de senhor, o apelo jovial se foi, ficaram apenas as rugas, as linhas de expressão e o princípio de calvície.

E a depressão, claro.

Sou a sombra, num quarto escuro, de algo que poderia ter sido. É como me vejo. É como me sinto.

Que ao menos Cristo, em Sua graça, continue a receber aquilo que tão imperfeitamente produzo. Pois é para Ele, só para Ele.

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