O que há em um sobrenome

Sobrenome, como sabemos, é aquilo que, acompanhado ao nome, designa a família à qual um indivíduo pertence. Nada mais lógico a ser dito. Mas hoje eu estava pensando que, quando falamos em igreja, os “sobrenomes”  são carregados de significados, e muitas vezes servem mais para afastar do que para agregar as pessoas.

Basta fazer um teste: diga a um batista tradicional que determinada igreja é “renovada” e logo ele já faz uma leitura (preconceituosa) a respeito da tal igreja. Ou diga a um presbiteriano que igreja tal é calvinista, e ele logo entende que ela é fiel aos preceitos presbiterianos (quer ele concorde com tais preceitos ou não), coisas assim.

Na igreja, os “sobrenomes” já nos acompanham há algum tempo. Algum, tipo, desde a idade média. E o que tem acontecido, época após época, é que cada vez mais nós inventamos “sobrenomes” para identificar as igrejas, e chega um momento em que alguém se pergunta: “qual o sentido nisso?”

Não vou aqui fazer apologia ao não uso destes adjetivos quando falamos de qual igreja fazemos parte ou algo assim, pois eu mesmo os uso. Meu medo é quando passamos a usá-los como afronta: “a, a minha igreja é emergente, a sua é tradicional” (como se ser tradicional fosse uma merda bosta coisa ruim), ou então “apenas as igrejas calvinistas prestam” (coisa que, admito, eu mesmo diria alguns anos atrás).

Fico pensando no diálogo de Cristo com Pedro, quando Ele disse “…e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Graças a Deus Cristo não disse algo como “e sobre esta igreja metodista” ou “e sobre esta igreja orgânica”, senão todos nós seríamos desgraçadamente iguais em nossa forma de pensar, agir, adorar.

Repito: não condeno (como se pudesse condenar qualquer coisa) a utilização dos adjetivos. O problema é sua má utilização. Sempre surge alguém querendo determinar os rumos da Igreja, e mais adjetivos serão criados então, mas precisamos lembrar que maior que a práxis é o Cristo a quem seguimos, pregamos e amamos.

Aprendamos a viver em comunhão com os vários membros da grande família de Deus, aguardando ansiosos o momento em que todos os sobrenomes serão apenas bobagem.

Eduardo

PS: você pode discordar de mim, não tem problema. Só não mete a minha mãe no meio que ela não tem nada com isso. Discorde de maneira civilizada. 😉

4 Comments Add yours

  1. Rafael Porto says:

    “Discordar de maneira civilizada”? É pedir muito para os crentes!
    hehehehe

    Eu concordo, mas entendo que, em partes, fazemos isso para justificar nossa escolha. Eu, por exemplo, sou de uma Assembleia de Deus Renovada.

    Mas se disser a um colega de trabalho para visitar minha igreja “Assembleia de Deus” apenas, dificilmente ele irá. Uso o “renovada” para mostrar que alguns dogmas relacionados a usos e costumes não existem lá.

    Coisas do tipo…

    1. Eduardo Mano says:

      hehehe… então… foi mais ou menos isso que eu queria dizer, mas eu escrevo mal. Pra mim, o problema é justamente quando usamos esses adjetivos à Igreja quando queremos afrontar, dizer que a nossa é melhor. Uma coisa é isso, e outra é explicar melhor a situação… mas é aquilo, eu escrevo mal. 😛

      e grato pela visita! o/

  2. Fábio says:

    To em uma casa nova.

    Apareça lá quando puder. Anota o endereço aê: http://fabioaguiarlisboa.wordpress.com/

  3. JonatasCD says:

    pois é.. sem contar os adendos aos nomes que mais assustam do que explicam. A primeira impressão costuma dominar muito como vemos os vários rincões – alguns receios podem até se justificar, mas como saber qdo estamos certos ou não
    [ok.. divaguei]

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