Cuidado, Olhinho, com o que Vê

Nesta época em que a imagem prevalece como registro-verdade de momentos e fatos, é muito importante nós, como cristãos, guardarmos nossos olhos, mentes e corações do que vemos. E eu aqui não me refiro a imagens sensuais ou pornográficas. Estou falando mesmo das inúmeras fotos que vemos de igrejas em seus cultos dominicais.

Durante muitos anos eu fui um daqueles jovens deslumbrados com todo o movimento de adoração que nascia no Brasil e no mundo. Comprava CDs, traduzia músicas, juntava os amigos da igreja (e de outras igrejas) em bandas que ensaiavam à exaustão para tocar cover dos hits do momento. Jurava que isso ia dar em alguma coisa e, obviamente, estava errado, para a glória de Deus.

Em uma época de Orkut e blogs, era fácil ter acesso ao que as bandas que eu admirava estavam fazendo. Turnês fantásticas, amizades com outras bandas, lançamento de discos… tudo com muitas luzes, shows lotados, uma coisa impressionante. Eu, então no início dos meus 20 e poucos anos, já sabia como gastaria meus dias.

As imagens que eu via tinham sobre mim o poder de me fazer desejar aquilo para a minha vida e ao mesmo tempo traziam um peso depressivo, um prenúncio de que minha vida não seria daquele jeito. Eu cobiçava e murmurava por causa de fotos de bandas tocando em igrejas.

Eu sei, isso soa muito, muito ridículo. Mas o ponto é: eu tenho certeza de que existem hoje jovens vivendo desta mesma forma. Embora as plataformas tenham mudado (O Orkut nem existe mais), imagens deste tipo ainda deslumbram muitos jovens que têm o desejo de servir a Deus através da música ou da palavra. Eles seguem os perfis de Instagram de pastores, bandas, preletores, pseudo-celebridades (ou ainda, auto-intituladas celebridades) e imaginam quando terão uma agenda cheia como a deles, quando eles serão convidados a participar daquele mega-evento onde anualmente pagam uma pequena fortuna em inscrições, hospedagem, livros e CDs que provavelmente nem serão abertos, quanto mais lidos e ouvidos.

Amigo, é provável que você nunca tenha isso na sua vida.

Ao final de um domingo qualquer, quando as igrejas, ministérios, líderes e mais seja lá quem for terminam de carregar suas fotos no Instagram e no Facebook, sobem seus vídeos no Stories cheios de frases de efeito e stickers para que tudo fique über-cool, milhares e milhares de jovens vêem estas imagens e não sabem muito bem como lidar com elas. No vídeo onde uma multidão de jovens pula ao som de um novíssimo cântico, há aqueles que pensam que suas igrejas também deveriam ser assim. Naquela foto linda do pregador em pose assertiva com o microfone na mão, a luz certa (e o filtro exato) e as roupas caras da moda, muitos jovens se questionam quando terão fotos assim tiradas, quando pregarão em eventos cheios, e não apenas na congregação de sua igreja, onde se reúnem 30 pessoas no domingo à noite. Na foto da banda passando o som antes de um culto, jovens se imaginam tocando em eventos gigantescos, ao lado dos nomes mais famosos da atualidade. E veja, não necessariamente este seja um problema ou erro de quem posta, mas sim de quem vê.

Eu sei disso amigos, pois se eu não guardar meu coração, eu acabarei desejando estas mesmas coisas. Contas no Instagram, páginas no Facebook, nada disso é errado. Tirar fotos super legais e vídeos irados aos domingo, creio que também não seja errado. Eu mesmo tenho tais contas e posto fotos e vídeos. Mas tornar o serviço à Igreja algo com um fim em si mesmo (ou seja, a finalidade de participar de eventos, viajar, gravar CDs ou escrever livros é simplesmente ter um ministério) é errado. É tentar roubar a Glória de Deus, a quem todo serviço à Igreja se destina. A pregação, a adoração, missões, o aconselhamento, o discipulado, a classe de jovens, o berçário: tudo isso serve para a Glória de Deus.

Deus não divide sua glória com ninguém. Ele tem zelo por Sua glória. Quando trabalhamos para que esta glória seja louvada, não importa se pregamos para 30 ou para 3000. Não importa se estamos dirigindo o louvor em um grupo pequeno ou em uma igreja com 1000 pessoas. Quando reconhecemos que a glória é de Deus e quando nos empenhamos em bendizer Seu Nome, números têm pouca influência em nossa atitude.

A Ele toda glória!

Eduardo Mano

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