Você não deve conhecer muita coisa do rock português, não é mesmo? Não me refiro ao rock cantado em português, mas sim o rock feito pelos nossos colonizadores. Tem muita coisa boa sendo feita lá, de forma independente. De maneira geral, eu indico as bandas lançadas pelo selo Flor Caveira, dentre eles Tiago Guillul (pastor reformado e panque roquer), Os Pontos Negros (de quem você pode, com paciência por causa do Rapidshare, baixar um EP gratuito aqui) e Diabo na Cruz (que faz um som folclórico / hardcore / sertanejo, segundo os próprios).
Queria gastar algumas linhas aqui falando do Samuel Úria, pois durante a viagem de volta de São Paulo, uma das músicas de seu mais recente disco me levou às lágrimas.
A música se chama Império, e por eu não ter entendido muito bem o português de portugal, acabei entrando em contato com o próprio Samuel, pedindo a letra da música. Eis aí abaixo um vídeo da canção sendo executada ao vivo, e a letra logo em seguida (com algumas sinalizações minhas, de partes que achei muito boas).
Império (Samuel Úria)
Acredito que depois de morto serei solto.
Para isso não tenho que ser bom,
Tenho que ser sério.
Não contabilizo as boas acções,
Palavra de escuteiro.
Sem contas de cabeça vou marchar pelo Império.
As leis da estoicidade ligam a sirene.
Pedem que abrande o riso,
Tenho que ser sério.
E ao mandarem-me encostar
Não tiram a mão do coldre.
Deixo o carro e vou marchar pelo Império.
O caminho é estreito demais para o meu ego,
Mas para me tornar numa criança
Tenho que ser sério.
Não é a estrada que se alarga,
Sou eu que me apequeno.
A passo de bebé eu vou marchar pelo Império.
Ser imperialista é coisa tida do passado;
Pra me mostrar tão certamente errado
Tenho que ser sério.
E ao queimarem-me a bandeira
Seguram o facho.
Com orgulho inflamado vou marchar pelo Império.
“Faço o bem que quero e o mal que não quero não faço”.
Estava a brincar com a verdade
E tenho que ser sério.
A mão à palmatória e à geada
Para ter coração quente.
Sem estrada congelada vou marchar pelo império.
Sei mais da eternidade que do amanhã,
Mas para um futuro risonho
Tenho que ser sério.
Pedir a mão para não perder o pé
E saber pedir perdão.
Com a carga aliviada vou marchar pelo Império.
Uma música linda, de verdade, como não ouvia há algum tempo. Não tentem entedê-la de outra forma, senão do jeito que é: um dia estaremos marchando juntos no Reino de Deus.
Tente não baixar o material. Sei que o preço deles é em Euros (no site da Flor Caveira tem uma loja), mas faça um esforço. Se você tem algum amigo que vai ao velho continente esse ano, encomende alguns CDs deles, que são vendidos nas lojas FNAC de lá, pelo que entendi.
Não tenha preguiça de conhecer coisas novas.
Marcharemos no Império… 🙂
Eduardo Mano
Desculpe mano, pode até apagar este meu comentário…
Só que quando ouço algo tão grandioso assim só me resta uma coisa a dizer… FODA!
E tenho dito!
rapaz, não vou apagar nem editar. Especialmente por concordar com você. 🙂
Amigo, que coisa mais linda! Que tesouro vc encontrou. Obrigado mesmo.
ahah que fixe, ainda bem que gostas, é muito bom saber que também se ouve fora de portugal! descobri o Samuel por causa do meu namorado, fomos ao lançamento do disco em lisboa e foi lindo, agora adoro <3, a império é a minha favorita, andava maluca pela letra da música e encontrei o teu blog! muito bom!
Beijos de Portugal! ahah 😀
Samuel Uria, é meu professor (;
cara, que bom que vc postou a letra, essa música é lindíssima e eu também não entendia algumas palavras… disse tudo no post!