Sobre Liturgias e Seleção de Músicas para o Culto

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Passei pouco mais de um ano selecionando as músicas que cantávamos dominicalmente na Igreja Presbiteriana do bairro Imperial. O Rev. Joel Theodoro enviava a ordem de culto, com as leituras e as definições de ordem deveriam entrar as músicas. Meu trabalho era selecionar canções bíblicas que estivessem de acordo com o momento do culto, permitindo assim uma liturgia que servisse para a edificação da congregação e a glória de Cristo.

Como o caráter do canto no culto deve ser majoritariamente congregacional, em detrimento ao canto especial (solos, corais e afins – embora eu não seja nada contra eles), tentávamos inserir novas músicas na liturgia para que a igreja acrescentasse novas expressões de louvor no seu dia-a-dia, mas estes acréscimos não eram ditados por modas ou pelo mercado, mas por aquilo que era apropriado de ser cantado.

Agora mesmo, em um contexto missionário e transcultural, acabei de selecionar as músicas para uma liturgia. Havia o interesse de apresentarmos músicas novas neste culto de fim de ano, mas se incluíssemos músicas novas demais, o caráter congregacional seria perdido. Após algumas idas e vindas com o pastor Jónatas, titular da Igreja, chegamos, juntos, a uma ordem de músicas que visa exatamente as duas realidades apontadas anteriormente: edificação e glorificação.

Fato é que, seja qual for o contexto, uma vez a seleção de músicas está pronta, a lista é apresentada aos pastores da igreja, e só depois da aprovação é que a liturgia final é encaminhada para a equipe de louvor ou para a diagramação da ordem de culto (seja impressa ou digital). E se em algum momento ou contexto aconteceu de eu passar alguma música direto para o responsável pela diagramação, foi por uma questão de tempo ou impossibilidade dos pastores lerem antes. E pensando bem, acho que isso nunca aconteceu.

A formatação da liturgia (ou ordem de culto) não é uma tarefa solitária. Se há alguém responsável pela música, esta pessoa deve avaliar, retirar e adicionar composições ao repertório da igreja através do crivo da boa teologia, oração (sim) e submissão ao ministério pastoral ou presbitério da igreja. Mesmo que o responsável seja um presbítero ou pastor auxiliar, o ideal é que, junto ao pastor titular ou ao colegiado, cada liturgia seja avaliada para que o culto mantenha a função de edificar a congregação e exaltar a Cristo. O alvo não deve ser o entretenimento ou o apelo emocional, mas antes o benefício espiritual.

É claro que em situações como igrejas em plantação ou no campo missionário, onde muitas vezes o responsável pela igreja ou frente missionária é também responsável pela palavra, música, faxina, pintura, obras, visitações e tantas outras coisas, até que haja alguém com quem dividir as funções, o crivo bíblico e a oração devem ser o norte a guiar a ordem de culto.

Se você é o responsável pela música de sua igreja, submeta-as ao seu pastor. Tenha a cabeça aberta para sugestões a alterações. Trabalhe junto a ele. Ele, e não você, é responsável pela congregação, então sirva a Deus no serviço ao seu pastor e igreja, e não faz a da igreja um palco para suas próprias imposições e gostos musicais (especialmente se você é de um contexto histórico). Se você é pastor, abrace o seu líder de música. Envolva-se, pois a parceria pode resultar em grande benefício para o povo de Deus que se ajunta na igreja em que Deus te colocou. Ajude na teologia e na avaliação das músicas, mesmo que não saiba cantar tão bem assim. Não tenho dúvidas de que, além de fortalecer a união e os laços da equipe, a maior beneficiada será a igreja de Cristo.

Que Deus nos abençoe na busca por cantarmos cada vez mais apropriadamente a respeito da glória de Seu filho Jesus, que é digno de adoração e louvor por toda a eternidade.

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  1. João Gabriel says:

    Bela postagem, Dudu! Sinto falta de gente como você por perto, precisei ver seu depoimento no “Fracassados”, que tenho um apreço ímpar, me lembrei do seu blog, e aqui estou. Que Deus continue guardando você e sua família aí em Portugal.

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