Este nosso tempo em Portugal serviu para reafirmar algumas coisas que estavam em meu coração há tempos, mas que por diversos motivos acabaram perdendo a força. E esse novo vigor veio, em primeiro lugar, pela Graça de Deus. Em segundo lugar, veio pelo encontro – finalmente – de alguns amigos já antigos, mas que só conhecia pela internet. E o primeiro deles é o Tiago Cavaco.
A primeira vez que ouvi falar do Cavaco foi em 2008, e ele ainda atendia pela alcunha artística Tiago Guillul. Foi algo transformador para mim. Ouvir um músico português, reformado, que aspirava o ministério, criador do próprio selo e referência em seu país, foi algo que me deixou atordoado. Tentei consumir o que conseguia a seu respeito: busquei entrevistas em sites, músicas no youtube, tentei baixar – e consegui – seus discos de forma ilegal (essa é uma confissão que apenas agora ele saberá). Tudo o que lia e ouvia a seu respeito me deixava admirado.
Descobri seu blog e tornei-me leitor assíduo. Descobri que ele tinha um email, e escrevi. Para minha surpresa, ele respondeu. Daí iniciamos uma amizade que tinha a internet por base. De lá para cá, fiz uma participação em seu disco de 2012 (Amamos Duvall, na faixa Dança como David) e convidei-o a participar e produzir um trabalho meu (ainda por concluirmos esta parte). E então viemos para cá.
Logo que soubemos que viríamos para cá, dando continuidade aos estudos de Eline, pensamos que deveríamos “redimir” esta viagem, e nos propusemos a servir como missionários em Portugal, junto às igrejas que abrissem as portas para nos receber. Disso vocês já sabem. A primeira pessoa com quem fizemos contato para tanto foi com o Cavaco, e como nossas passagens de entrada no país seriam por Lisboa, ele e sua esposa, Ana Rute, nos receberam em sua casa nos primeiros dias.
Uma nota pessoal. Conhecer os Cavaco foi, para mim, uma realização pessoal, tamanha a influência que eles (sim, o casal Tiago e Ana Rute) têm em minha vida. A forma como criam seus filhos, o empenho no ministério eclesiástico, a vida que mais se assemelha a uma doxologia. Eu já os amava antes mesmo de vê-los.
Infelizmente por conta da distância (eu e Eline estamos no Porto, norte de Portugal, e eles em Lisboa), foram poucos os momentos em que estivemos juntos, mas todos muito proveitosos. Tanto que o último foi um dos pontos altos da minha “carreira” musical. Contarei esse momento.
O Cavaco tem se destacado não apenas como músico e pastor, mas também como escritor. No ano passado lançou seu primeiro livro, sobre casamentos, e este ano já lançou mais dois: um como organizador e escritor e outro baseado em uma série de sermões que pregou.
Para o lançamento deste último livro, ele veio a Gaia (cidade vizinha ao Porto, ligada pelo metrô), e, óbvio, eu e Eline fomos. Conversando sobre a possibilidade de nos vermos, ele me convidou para cantar algumas músicas com ele durante o lançamento. Óbvio que aceitei. O problema é que eu precisava conseguir um violão. O que eu não consegui. Comuniquei a ele por email e nos conformamos com a possibilidade de um abraço.
Chegando no shopping onde seria o lançamento – que teve um outro ponto alto, já que pude conhecer outro português da internet, o Jorge Oliveira – pudemos conversar por alguns minutos antes que ele tivesse que ir para a mesa da entrevista. Estava muito feliz só de estar ali. O Tiago é um cara gente fina e tê-lo como amigo é realmente um privilégio. Ouvir algumas das linhas do livro na voz do Jorge e ver como um pastor batista, marido, pai de quatro filhos e músico punk é tão relevante para o cristianismo em Portugal foi uma inspiração.
E então ele foi para o violão, e começou a tocar os primeiros acordes de Igrejas Cheias ao Domingo (do disco que ele lançou em 2008, que me levou a conhecê-lo). E isso aconteceu (assista o vídeo abaixo).
igrejas cheias ao domingo from rute carla on Vimeo.
Não preciso dizer que foi um momento épico para mim. Coisas que Deus concede que são graça pura. E força para continuar algumas coisas.
Iniciei o texto dizendo que algumas coisas foram reafirmadas. Uma delas é o Velhas Verdades Discos. Nunca falamos abertamente nisso, mas em conversas com o Diego e com o Rafael, chegamos a anunciar entre nós o fim do selo. E isso caminhava para ser o futuro mesmo: apenas uma ideia que foi legal, mas nada além. Esse tempo aqui em Portugal tem servido para mostrar que o selo é importante, e deve continuar. Portanto, em 2016 vocês devem ouvir falar dele ainda.
Se você é um dos 5 que conseguiu terminar de ler este texto, obrigado. Ore por mim e por Eline, e pelo ministério que Deus nos tem dado. ore também pelo Tiago e pela Ana Rute, por seus filhos, pela Igreja Baptista da Lapa e por tudo o que está em suas mãos. Eles são queridos, tementes a Deus, e certamente o trabalho deles em Portugal não é em vão. Na verdade, todos os trabalhos que temos conhecido aqui, nenhum é em vão. Ore pelos que semeiam e colhem em Portugal.
Um abraço!
Eduardo e Eline Mano
Que relato bonito, cara. Imagino a emoção de encontrar o Cavaco e conversar com ele. Na verdade, imagino sim. O que o Cavaco foi para você é o que você foi para mim: uma referência de fé e caminhada inspiradora. Sou muito feliz por acompanhá-lo nesta trajetória. E fico ainda mais feliz por você aí em Portugal. Abraço!
Eduardo,
Foi um grande prazer conhecer-te a ti e à Eline, embora fosse a primeira vez que estávamos juntos, senti que já nos conhecíamos há imenso tempo! Dou graças a Deus também pela vida do Tiago e da sua família, por serem um exemplo abençoador para tantas pessoas.
O convite para visitarem a nossa congregação mantém-se!
Que a graça de Deus continue a abundar na vossa vida.
Forte abraço amigão,
Fui um dos cinco!
Contem com a oração desse pernambucano.
Abraço grande meu amigo.
Amigo, obrigado. Já são alguns anos, né… obrigado pela força ao longo deste tempo. 😀 Um abração!
Conheci o seu trabalho através do meu namorado, que vocês não enfraqueçam, mas pela fé permaneçam seguros em Deus.
Parabéns.
Obrigado Débora, obrigado mesmo. E agradeça também ao seu namorado! 😀 Deus te abençoe!
Cara, li seu texto com um grande sorriso nos lábios. Conheci o Cavaco através do Blog iProdigo (hoje reforma 21), e quando ouvia o disco R de Ressurreição, achei curioso encontrar um músico ali no meio sem sotaque lusitano – era você com “Mais chegado que um irmão”. Depois vim a conhecê-lo mais com as participações no podcast do No Barquinha e no documentário do Yahoo Martins (a internet cristã é um ovo).
Que Deus abençoe o tempo de vocês ai em Portugal. Abraços, e obrigado pelas músicas e pelo testemunho.
Rogério, obrigado pelo comentário. Fico feliz em saber que mais gente no Brasil conhece o Cavaco! Sim, a internet cristã é um ovo, e por providência você esbarrou justamente com as pessoas que me deram uma força (No barquinho e Yago). Fico feliz por isso. Obrigado pelo carinho! 🙂